Como um diário de viagem, uma grande-curta viagem, ela lhe conta uma história. A história deles. Não terá sido toda a história um périplo, uma Odisseia, o destino final sabido-ignorado o tempo todo? Não se fez do caminho a razão da vida, o destino pouco importando? Não será a vida essa incrível e misteriosa viagem, de um continente desconhecido a uma eternidade também insondável? Este livro fala do percurso, da jornada de um homem singular que, mesmo a morrer, escolhe um caminho tão longe de sua ordem estabelecida, dando um exemplo de que viver, ainda que em condição terminal, é sempre um ato revolucionário. Vida e a morte travam um diálogo complexo, mas corajoso e poético, nesta narrativa onde a fatalidade do destino mescla-se à face do herói, à face do imigrante, do ser estrangeiro, à face do amor. Ela lhe conta essa história, três países ao fundo como cenários em movimento evocam paisagens geográficas e humanas que viveram, os mistérios de línguas estrangeiras a desvendar, a essencial necessidade de viver o presente, o caminhar no fio da navalha. Ela fala ao amado que se foi, e à realidade vivida, recita-lhe silenciosos monólogos, pensamentos do assombro, lembra-lhe que ele está vivo e que ela, talvez, não longe de "levantar a mão até o bafo da primeira estrela"