O monomotor Norseman voava sobre as arvores e Shirley contemplava a paisagem. Mary Ann estava sentada ao seu lado e de vez em quando conversavam ou apontavam para algo interessante, mas era dificil conversar com o barulho do motor. A vista era quase toda do topo das arvores da densa oresta abaixo delas. As vezes conseguiam avistar o rio Purus. Apesar de nao ser tao conhecido como o poderoso Amazonas, o Purus e um auente do majestoso canal e alaga grande parte da oresta durante alguns meses do ano. O Purus e um dos rios mais sinuosos do mundo, com curvas e mais curvas serpenteando pela selva. Quando era possivel ve-lo atraves da folhagem, o sol reetia sobre a agua como em diamantes em uma tiara. Uma vez ou outra avistavam fumaca de pequenas vilas isoladas.
A viagem de Manaus ate a aldeia era de cinco horas, bastante tempo para reetir. Shirley havia pensando tanto em listas de compras para esta primeira visita a aldeia que se perguntava, pela milesima vez, se havia esquecido algo importante. Ela pensou em outros que haviam feito viagens semelhantes. Lembrou-se do grupo que, menos de dez anos atras, se aventurou em territorio Auca no Equador cheios de ousadia e entusiasmo, assim como ela fazia agora. Dentro de poucos dias, cinco deles haviam sido mortos na praia da aldeia. Ela pensou na moca Auca que havia conhecido em Sulphur Springs e se perguntou onde estaria Dayuma agora.
Ela lembrou de momentos especicos de sua jornada de entrega a Deus. Cada momento foi marcante, mas o que a aguardava entre os Paumari? Como reagiriam a duas mulheres brancas vivendo entre eles? Nao havia como prever.