O presente livro é obra que, realmente, faltava à bibliografia sobre a ação jesuítica e inquisitorial no Império português porque se debruça sobre duas das principais agências do aparato político-religioso dePortugal nos séculos XVI e XVII. Na remota Goa os jesuítas atuaramdesde o ano de 1540 e fizeram milhares de conversões. Os inacianos não tardariam a perceber que a almejada cristianização teria que seadaptar às culturas locais.
Nossa autora desvenda este quadrocom o máximo brilho e perícia investigativa, examinando os métodos eas conjunturas da missionação até o fim do seiscentos. O fato é quetambém para Goa se dirigiu a Inquisição em 1560. Logo o Santo Ofíciodeixou em segundo plano a sua já tradicional perseguição aoscristãos-novos, lançando sua sanha persecutória contra as gentilidades da Índia. A especificidade desta atuação inquisitória em Goa, fê-lacolidir com a companhia de Jesus, matéria que a nossa autora se esmera em documentar, compreender, explicar.
A autora enfrentou,portanto, o desafio de estudar o tema sobremodo complexo, e o mínimoque se pode dizer é que dele saiu-se com excelência. Não se poderiapedir mais a um livro tão corajoso e original.
RonaldoVainfas
Professor Titular da Universidade Federal Fluminense Rio de Janeiro
---------------------
A tese de doutoramento de CéliaCristina Tavares que aqui é publicada na íntegra em forma de livro éexemplar à luz daquilo que se espera de um historiador contemporâneo,sério e aberto ao trabalho interdisciplinar. Ousando abordar um objeto difícil e complexo como a Inquisição de Goa na sua relação decolaboração/conflito com os Jesuítas e com outros atores em presençana construção da sociedade cristã goesa, a historiadora oferece umaabordagem inovadora, mostrando as diferentes faces da problemática emquestão e, especialmente procurando desconstruir as visõessimplificantes que chegaram até nós.
José Eduardo Franco.Historiador. Investigador-Coordenador com equiparação a ProfessorCatedrático da Universidade Aberta - Lisboa Portugal.